quarta-feira, 3 de setembro de 2008

In Justice

Pode até não ser, mas que parece, parece ...

Em um primeiro momento, o Governador do Paraná indica seu irmão para ocupar vaga no Tribunal de Contas do Estado. Ocorrem várias discussões, mas, ao final, o irmão toma posse.
Eis uma matéria sobre o caso:

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Portal Bem Paraná

23/07/08 20:56
Vaga no Tribunal de Contas

Liminar cai e irmão de Requião estréia no TC

Juiz substituto garante que parentesco com governador não impede Maurício de ser conselheiro

Abraão Benício

Maurício Requião: já na estréia, julgamento de processo da SEED

O juiz substituto Adalberto Jorge Xisto Pereira cassou, na tarde de ontem, a liminar que suspendia a posse do ex-secretário de Estado da Educação, Maurício Requião – irmão do governador Roberto Requião (PMDB) – como conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná (TCE). Na decisão, que atende a recurso do próprio Maurício, Xisto afirma que o fato de ser irmão do governador não representa qualquer impedimento para que o ex-secretário exerça o cargo de conselheiro e receba o salário vitalício de R$ 22 mil mensais.As considerações do juiz, porém, contrariam o que estabelece a própria Lei Orgânica do TCE que, no seu artigo 140, diz que “é vedado ao membro do Tribunal de Contas exercer suas funções nos processos de qualquer natureza que envolva município em que seu cônjuge, parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até segundo grau, seja detentor de mandato eletivo ou que tenha obtido 1% ou mais votos, seja qual for o mandato eletivo, de cada colégio eleitoral, considerando os resultados oficiais divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral”.Com base na Lei Orgânica do Tribunal, na última segunda-feira, o juiz da 3ª Vara da Fazendo Pública, Marcelo Teixeira Augusto, atendendo a ação proposta pelo advogado Riccardo Bertotti – candidato a vaga no TCE derrotado na eleição da Assembléia – e pela Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon), determinou a nulidade do processo que culminou com a escolha de Maurício Requião. Para cassar a liminar, Xisto alega que “(...) o impedimento do Conselheiro do Tribunal de Contas não pode ser - e não é – eterno, perdurando apenas durante o exercício do mandato eletivo pelo seu cônjuge, parente consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o segundo ou terceiro grau, conforme a hipótese”.O juiz destaca ainda o argumento do próprio Maurício Requião que afirma que “a competência do Tribunal de Contas não se restringe ao julgamento de contas municipais e estaduais (...)”. Xisto também assegura que a influência política de Requião não pesou na escolha do ex-secretário para ocupar a cadeira no TCE, aberta a partir da aposentadoria de Henrique Naigeboren. “(...)porque no tocante à alegada influência política do irmão do agravante, por ser Governador do Estado, nada, absolutamente nada, de concreto se tem nos autos. Aliás, diga-se de passagem, o fato de ser irmão do Governador do Estado não lhe retira a condição de cidadão, isto é, de sujeitode Direito, nem constitui óbice legal a concorrer ao cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas (...)”.Com a decisão de Xisto, perde o objeto um outro recurso apresentado pela Assembléia Legislativa para derrubar a liminar, que está nas mãos do presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR), desembargador Vidal Coelho.

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Agora, em um momento mais 'oportuno', a esposa do juiz que terminou por decidir a possibilidade do irmão do Governador do Paraná assumir o cargo de conselheiro do TC é nomeada em um altíssimo cargo em comissão.
Talvez, amanhã, eu post o jornal em que isso foi veiculado.

Como dito, informo as manchetes:

Mulher de juiz que garantiu posse de irmão de Requião é nomeada para o TC
03/09/2008 07:55 Gazeta do Povo
O jornalista Celso Nascimento, informa em sua coluna de hoje (03) na Gazeta do Povo, que a mulher do juiz Adalberto Jorge Xisto Pereira, Fátima Pires Pereira, foi nomeada para cargo de comissão no Tribunal de Contas do Paraná. O desembargador Xisto Pereira havia concedido, cinco dias antes da esposa ser admitida, autorização, por medida liminar, para que o irmão do governador Roberto Requião, Maurício Requião, assumisse como conselheiro do mesmo tribunal.

Coluna de Celso Nascimento
Coincidências da vida
Publicado em 03/09/2008 celso@gazetadopovo.com.br

A vida é bela. E fica ainda mais bela quando acasos e coincidências venturosas acontecem. Um desses acasos contemplou a senhora Rosane de Fátima Pires Pereira. No dia 28 de julho, ela foi nomeada para um cargo em comissão (DAS-4) no Tribunal de Contas, de acordo com a Portaria 261/08 assinada pelo presidente Nestor Baptista e publicada no “Atos Oficiais do TC” do dia 8 de agosto. A nomeação saiu cinco dias após o desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira conceder a polêmica liminar que garantiu a posse de Maurício Requião como conselheiro do Tribunal de Contas. A venturosa coincidência consiste no fato de a nomeada Rosane Pereira ser esposa do desembargador Xisto Pereira. Só isso.
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Dudu na Secretaria dos Transportes?
Na dúvida sobre se a nomeação de Eduardo Requião, o Dudu, para secretário especial o livraria da obrigação de demitir o irmão, o governador Roberto Requião teria tomado ontem uma decisão mais radical: vai nomeá-lo secretário dos Transportes. Assim, ele seria enquadrado na única exceção prevista na súmula antinepotismo do STF, que prevê que para os cargos de natureza política os parentes podem ser livremente nomeados.
Essa suposta decisão foi revelada logo após o término da sessão baba-ovo que o governador promoveu na “escolinha” de ontem especialmente para enaltecer as qualidades de Eduardo Requião. Já que, como restou provado que o irmão-psicólogo é o melhor administrador portuário do planeta, por que não aproveitá-lo melhor elevando-o à condição de melhor secretário de Transportes do mundo?
A dúvida que subsistia ainda ontem era se, legalmente, Eduardo poderia acumular a nova função com a de superintendente da Appa, o que faria dele o melhor secretário-superintendente da Via Láctea. Se não der para acumular, o novo titular da Appa já estaria escolhido – Daniel Lúcio de Souza, atual diretor financeiro. Rogério Tizzot, atual secretário, voltaria à função de diretor do DER.
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Sumiço no escurinho do Palácio
Não foi fácil promover esta suposta reengenharia para fugir dos ditames da Súmula 13 – olha aí o número do azar! – que proibiu o nepotismo. Tudo começou no dia 20, quando o governador anunciou a nomeação de Eduardo como secretário especial de Assuntos Portuários. Nessa mesma data, o site de legislação da Casa Civil publicava o decreto respectivo, com o número 3.308.
Repentinamente, porém, deram sumiço no decreto. Não houve explicações – mas os mais atentos passaram a suspeitar de que alguma coisa diferente estava acontecendo nos cantos escuros do Palácio das Araucárias.
Ontem, o Decreto 3.308 reapareceu. Mas tratando de assunto completamente diverso: tornar sem efeito o Decreto nº 3.580, de 2004, que demitiu Elizabete Moreira. No mínimo, isto significa que Eduardo Requião nunca foi secretário especial de Assuntos Portuários, pois não existe mais o decreto que o nomeou.
O deputado Marcelo Rangel, do PPS, estranhou essa misteriosa movimentação. E ontem endereçou requerimento de informações ao governador e ao chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro.
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Olho Vivo
No Senado 1
O deputado Ricardo Barros, presidente estadual do PP, já não esconde de mais ninguém: quer eleger-se senador em 2010. Organizou o partido nos 399 municípios do Paraná e nos últimos meses tem se dedicado a visitar um por um para sedimentar a estrutura da campanha. Faltam 20 cidades para completar o périplo.
No Senado 2
Barros tem se mostrado um hábil político. Em Brasília, é prestigiado vice-líder de Lula, com trânsito fácil nos ministérios – tanto que conseguiu para Maringá, sua terra, mais recursos do que os obtidos pelo governo estadual para o Paraná inteiro. Mas aqui, internamente, atua na oposição. Integra a frente de apoio a Beto Richa, do PSDB.

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Aqui, um segundo olhar sobre o caso:

Conselheiro do TC diz que nomeação da mulher de juiz não é nepotismo
Publicado em 04/09/2008 Rhodrigo Deda - Gazeta do Povo

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC) Heinz Herwig ontem afirmou que não caracteriza nepotismo cruzado a contratação, em cargo comissionado para seu gabinete, da advogada Rosane de Fátima Pires Pereira – esposa do juiz Adalberto Xisto Pereira. Para o conselheiro, como não houve troca de favores entre ele e o juiz, não há nepotismo cruzado. A informação foi repassada à reportagem pela assessoria de Herwig, que está de férias.
Já o presidente do Tribunal de Contas, Nestor Baptista, disse, também por meio de sua assessoria, que se a contratação caracterizar nepotismo cruzado, a demissão da funcionária será imediata. Embora tenha assinado a portaria de nomeação, Baptista informou que a responsabilidade pela contratação é do conselheiro Heinz Herwig.

Segundo revelou ontem o colunista Celso Nascimento, da Gazeta do Povo, Rosane foi nomeada no TC em 28 de julho, cinco dias após o marido conceder a liminar que permitiu Maurício Requião tomar posse no Tribunal de Contas. Segundo a assessoria de Herwig, não houve nenhuma relação entre a contratação de Rosane e a concessão da liminar favorável ao irmão do governador. Para descartar suspeitas a esse respeito, Herwig lembrou que sempre pertenceu ao grupo de José Richa e Jaime Lerner, opositores do governador Roberto Requião.

Juiz e esposa
Procurada pela reportagem, a advogada não quis dar entrevista. Disse apenas que está separada do juiz Xisto Pereira. Ele não foi encontrado.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Idéias - Mia Couto

A verdade nos atinge e somos obrigados a nos posicionar.
Bem, é hora das idéias voltarem junto com a coragem de realizá-las.
Abaixo, um texto do escritor Mia Couto (ISTOÉ) colhido na internet.

"Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam idéias próprias.

Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com idéias.

Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem idéias.

Aos 40 achamos que as idéias dos outros são todas nossas.

Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter idéias.

Aos 60 ainda temos idéias mas esquecemos de que estávamos a pensar.

Aos 70 só pensar já nos faz dormir.

Aos 80 só pensamos quando dormimos."

Mia Couto em "Venenos de Deus, remédios do Diabo", Companhia das Letras, p.65.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Apesar da empáfia do judiciário, uma notícia de alguém que não se acostumou!
O exemplo de superação de Maria da Penha
Conheça a história da biofarmacêutica que ficou paraplégica após levar tiro do ex-marido, virou o jogo contra a impunidade e empresta nome a lei
Soraia Costa
Símbolo da luta contra a violência doméstica, a biofarmacêutica Maria da Penha Maia, que emprestou seu nome à lei federal (11.340/2006) que endureceu a punição para quem comete agressões físicas e psicológicas contra mulheres, é uma sobrevivente. Depois de escapar de duas tentativas de assassinato, essa cearense de 63 anos conseguiu virar o jogo contra a cultura da impunidade e inaugurar uma nova fase para milhares de vítimas silenciosas desse tipo de violência.
A gestação da lei que aumentou o rigor contra os agressores domésticos começou ainda em 1983, 23 anos antes de ela ser sancionada pelo presidente Lula. Naquele ano, o então marido de Maria da Penha, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia, tentou matá- la duas vezes.
Na primeira oportunidade, deu um tiro nas costas da biofarmacêutica enquanto ela dormia. Como explicação, ele afirmou que o tiro havia sido disparado por um assaltante que invadira o quarto. Maria da Penha ficou paraplégica.
No mesmo ano, novo ataque: Heredia empurrou a companheira da cadeira de rodas e tentou eletrocutá-la no chuveiro. Então com 38 anos, Maria da Penha tinha três filhas com idade entre dois e seis anos, frutos de seus seis anos de casamento com o colombiano.
Após as duas tentativas de homicídio, em vez de esmorecer, a biofarmacêutica começou a atuar em movimentos sociais contra a violência e a impunidade. O caso, que se arrastou por duas décadas nos tribunais de Justiça, ganhou repercussão internacional e abriu caminho para entidades não-governamentais que pediam o endurecimento da punição contra os agressores.
Das cinzas
A atuação destacada de Maria da Penha, hoje uma das coordenadoras da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (Apavv) no Ceará, foi reconhecida pelo presidente Lula ao assinar a lei que incorporou seu nome, em agosto de 2006. “Essa mulher renasceu das cinzas para se transformar em um símbolo da luta contra a violência doméstica no nosso país”, declarou Lula em seu discurso.
A lei alterou o Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução Penal. Acabou com a possibilidade de o acusado se livrar da denúncia por meio do pagamento de multa ou doação de cestas básicas e eliminou amarras para a prisão dos denunciados. Além disso, aumentou de um para três anos a pena máxima de condenação.
“Eu acho que muita coisa ainda precisa ser mudada. Mas o meu objetivo foi atingido e eu estou lutando para a implementação dele. Estou lutando para que as outras mulheres não passem pelo que eu passei. Cada um tem condição de trabalhar por uma causa nobre”, afirma ela em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Na avaliação de Maria da Penha, a despeito das críticas que tem recebido, a nova lei já está mudando a realidade da mulher no país, e para melhor. “A gente sabe, e não só por causa das estatísticas, mas também porque, quando vamos às comunidades, as pessoas comentam que houve melhorias. Elas dizem: ‘o meu vizinho não bate mais na mulher porque o meu marido foi preso’", afirma.
Agressões psicológicas e físicas
A história de Maria da Penha e Marco Heredia lembra a de muitos casais que, em meses, transitam do céu para o inferno. Os dois se conheceram no final dos anos 70, quando ambos faziam mestrado na Universidade de São Paulo (USP). “Ele estava na Faculdade de Economia e eu na Faculdade de Ciências Farmacêuticas”, conta a biofarmacêutica. Na época, ela havia acabado de se mudar para a capital paulista depois de ter se separado do primeiro marido.
Maria da Penha lembra que as agressões de cunho psicológico começaram cerca de dois anos após o casamento. “Ele mudou de comportamento uns dois ou três anos depois que nos casamos. Foi assim que conseguiu a naturalização dele. Ele era colombiano e constituiu família para conseguir essa naturalização. Então, uma vez que estava com a naturalização garantida, ele mudou o comportamento. Na verdade eu acho até que ele não mudou, mas mostrou sua verdadeira face”, explica.
Ela destaca, porém, que antes das tentativas de homicídio seu ex- marido nunca a havia agredido fisicamente. “Marcas mesmo eu nunca tive, porque ele sabia que eu não iria ficar calada. Mas a pressão psicológica era muito pesada”, relata.
“As agressões eram aquelas que te diminuem e que te ofendem. Ele era aquela pessoa que você evita confrontar. Diz 'amém' para não confrontar”, explica ela, argumentando que, por isso, foi tão difícil denunciar o ex-marido a tempo de se evitar conseqüências mais graves.
“Culminou tudo com a tentativa de homicídio. Ali foi uma coisa que ficou mais fácil para fazer a denúncia. Imagina como seria difícil denunciar uma violência psicológica! Não teria nem onde ser feito isso, porque na época não existia delegacia para mulheres”, ressalta. “Aí, após a tentativa de assassinato, aumentou também a visibilidade em relação aos casos de violência doméstica. E, três anos depois do meu caso, foi criada a primeira delegacia de repressão a crimes contra as mulheres do país”, lembra ela.
Batalha na Justiça
A investigação contra Heredia começou em junho de 1983, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual do Ceará em setembro de 1984. O primeiro julgamento durou oito anos, mas os advogados de Heredia conseguiram anular a sentença.
A sentença do segundo julgamento saiu em 1996. O ex-marido de Maria da Penha foi condenado a dez anos e meio de prisão, mas recorreu da decisão e permaneceu em liberdade.
A prisão de Heredia só ocorreu em outubro de 2002, depois que Maria da Penha, com a ajuda do Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (Cejil) e do Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), denunciou o Estado brasileiro por negligência à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estudos Americanos (OEA).
A denúncia foi acolhida pela comissão. Com isso, Heredia foi finalmente preso e cumpriu dois anos de pena em regime fechado, sendo libertado em 2004, 21 anos após os dois crimes.
As duas décadas de batalha judicial são lembradas com tristeza pela ativista. “A maior barreira foi o próprio Poder Judiciário, onde foram usados artifícios para protelar o processo. Tanto é que demorou 19 anos e seis meses. Faltavam seis meses para o caso prescrever e isso só não ocorreu porque recorremos ao comitê internacional”, ressalta.
“Foi um absurdo que eu senti na própria pele sobre a conduta em relação à violência de uma maneira geral, mas principalmente com relação à violência doméstica. Então eu não sosseguei mais e sempre que tinha oportunidade denunciava o Judiciário pela lentidão”, destaca a biofarmacêutica. “O crime iria prescrever. E foi graças à minha persistência e ao fato de ter encontrado as pessoas certas nas horas certas que a gente conseguiu a aprovação dessa lei”, acrescenta.
Para as mulheres que sofrem com agressões dos companheiros, Maria da Penha deixa um conselho. “Essas mulheres podem até continuar na violência, mas é porque querem. Porque elas têm condições de sair dessa violência. Nós estamos estruturados para resolver essa situação. Não é uma situação fácil, é difícil, mas se elas não forem atrás para resolver o problema delas, ninguém vai resolver isso por elas”, afirma. O resultado da luta de Maria da Penha pode ser visto não só na lei que dela originou, mas também no livro Sobrevivi... Posso contar, autobiografia lançada pela cearense em 1994.

http://congressoemfoco.ig.com.br/DetQuestaodefoco.aspx?id=70

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sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Juiz alega pobreza

A divertida situação do nosso judiciário pobre:
O Correio Braziliense de ontem, 22/8/07, mostrou que o juiz de Direito Robson Barbosa de Azevedo, da 4ª vara cível de Brasília, declarou pobreza para não arcar com as custas de um processo movido contra o diretor da Polícia Civil. O magistrado foi detido no ano passado por desacato e alegou que foi vítima de abuso; por isso processou os policiais, juntando, segundo o matutino, o atestado de hipossuficiência.
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=44253

Tadinho desse juiz miserável !

terça-feira, 17 de julho de 2007

Concurso de Juiz comprado no Paraná

Ouvi a notícia ontem em em supermercado e quase não me aguentei de tanto dar risada!
O que se diz depois de tudo isso??
Eis o link para o vídeo:
http://tvparanaense.rpc.com.br/index.phtml?autostart=1&Video_ID=11304

Vale registrar o nome do mais novo juiz paranaense: Leonardo Bechara Stancioli. Acho que é assim que se escreve, mas isso não importa, o que importa é que ele é genro do Ministro do STJ, Paulo Medina.
A conversa é muuuiito divertida. O Exmº Juiz fica pedindo ajuda para o Ministro. É cômico! Pergunta se não tem algo antiético e agradece a Deus!
Fazer o quê??
Tem juiz que não deixa trabalhador entrar no Fórum usando Havaianas (Bento Luiz de Azambuja Moreira - 3ª Vara do Trabalho de Cascavel - http://www.oabpr.com.br/noticia.asp?noticia=2097), e tem juiz que se preocupa em ser ético ao pedir ajuda para ser aprovado em concurso público.

E tem mais: sobre o nosso Senado Federal. Eles estão sem fazer nada há muito tempo. Isso me deixa muito feliz, pois percebo a cada dia que não preciso, mesmo, deles.

E eu que acreditava que o Judiciário poderia fazer algo por esse país!

"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR." (Jeremias 17: 5)

Um pouco mais aliviado depois do desabafo, sigo meu dia olhando para o alto, onde o meu Redentor vive ...

Eu sei, mas não devia

Navegando pelo site do Ricardo Gondim encontrei esse poema (http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=69&sg=0&id=1527 - vale, também, ouvir a pregação do Ricardo Gondim de 15/07/2007 que está no seu sítio ou pode ser vista pelo You Tube - http://www.youtube.com/watch?v=R7QfqXq6mUc), e, hoje pela manhã, ouvindo a notícia de mais um escândalo no Judiciário, resolvi usar a internet para desabafar, conversar comigo mesmo, e parar de importunar os outros com reclamações.
Assim, para começar, publico o poema que me atraiu ontem e serve de pano de fundo para as indagações deste blog que terá uma vida indeterminada (ou até as coisas mudarem, ou até eu me acostumar - embora não deva ...)

Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz.
E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíches porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos.
E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios.
A ligar a televisão e assistir a comerciais.
A ir ao cinema, a engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável.
À contaminação da água do mar.
À luta.
À lenta morte dos rios.
E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp